quarta-feira, 28 de julho de 2010

Antítese


Um Lápis,
um pincel,
uma caneta qualquer,
a pena.


Fragmentos da realidade.
Intrinsecamente eu vivo,
extrinsecamente me perco.
Indubitavelmente perene,
como são as águas que me levam.
Se me pego no ato falho de escrever,
me deparo com minha pequena, grande, fragilidade.


As Linhas.


Sou frio, sou quente,
singular e plural.
Longínquo, tão breve.
Nada aqui é paradoxal,
depende por quais olhos melhor enxergas.

Por: Julio Cesar Cavalcanti

www.juliocesarcavalcanti.blogspot.com

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Extinto, O Ensaio


Mata-me de rir.
Faz-me gritar silenciosamente, calmaria.
Chora os teus súbitos desejos.
Desalinha o olhar, desgrenhando os passos desacertados.
Te deixa molhar, lágrimas são passageiras.
Não te incomodes, flechas lançadas não regressam.
O nada sempre se vai, não seria uma questão de escolha tua.
Serias capaz de montar o relógio dos anos?
Ensaias os passos, os beijos, e acima de tudo, as palavras.
Rasgues o sentir, e todos os escritos, ordem.
Retiras a poeira sufocante do inverno, intenso.
Teu desprazer inunda todo o chão, não retira o amor condolente.
Permaneças sentada, ouves a canção, melodia sem notas.
Despidas o ódio, afloras o desconhecido, põe-me ao lado.
Recites pensamentos, eles são tesouras que dilaceram o futuro, se houver.
Incerteza, que não esqueça.
Se és seguramente precisa, a dor não te cega.
Não esqueças de cuidar das flores que descansam na janela, delicadas.
Deixe-se encobrir pelo véu das estrelas, na noite sem desamores.
Permitas a chegada das voltas.
Reprimindo o todo sufocante.
Remoendo as mágoas, o frio.
Desvendes o teu próprio ser, se assim te aprouver.
Procures o infindável, a busca, o encontro.
Arranca-te de ti.
Mergulhes, no final.
Encontra-te contigo, Extinto.

Por: Rafael Gomes

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Deixar, a última vez


Recostado por sobre os encostos antiquários do passado doloso.
Esquecido, perdido na multidão selvagem, sem modos.
Nascido em algo que era secreto, encantador e voraz.
Promissor, misterioso ou promíscuo?
Abandonado no vão da antiga bela casa.
Olhar melancólico, lânguido olhar.
Frio sorriso, pálido e sem virtude alguma.
Sentia-se vazio, tocava ao piano, transportava ao que o remetia à felicidade.
Ao horizonte se entregava, fadado a algo que nunca, jamais viria.
Pela estradinha sem fim, foi-se seu amor.
Tornou-se um ser invisível, não por desejo.
Não seria esplendoroso?
A dança das lágrimas na janela de madeira oca e fria.
Onde desalmado foi, esperando que o sopro da vida retorne,
Ao lugar de onde nunca, nunca deveria ter saído?
Em sua entrega vazia ao amor incolor, se deixa.
Esquece de diferenciar dias das noites, não há fogo.
A imensidão deste ermo é regada a preto e branco, preto.
Luminares esqueceram de acender.
Vive no recanto da apagada saudade, tão calma e perturbadora,
Capaz de desandar o curso do rio sem vida, rio.
Em seu infinito ouve o uivo do vento, sorrateiro.
Esqueceu de ser.
Não há lugar seguro.
Esqueceu de mascarar os sentimentos.
Despedida.
Tristeza e solidão sem lágrimas.
Frieza das fogueiras.
Deixado.
Esta foi a última vez.

Por: Rafael Gomes