domingo, 12 de dezembro de 2010

Redoma





Seja eu
Seria eu
Éramos nós
Repentinamente.
Escrevendo, lastimando.
A Censura
Ele.
Não sendo amargo, contudo realista.
O néctar do bem da vida, apunhalando o seu bem-querer.
Em danças sorrateiras de segundos eternos, tão perenes, apreços.
Apreços cheios de recomeço, meios e fins.
Ou simplesmente, Nada.
Uma canção tocando na antiga vitrola, descompassada.
Tempos de doçura e rancor.
Consumindo-o sem licença, ou cor.
As Mãos.
 Procurando, caminhando.
Sem o toque, impalpáveis mãos.
O silêncio.
Cantando a canção estarrecedora, amor.
O amor aos mais fracos ofereço.
A vida,
Aos que por ela ainda gosto possuem.
Felicidade,
Aos que navegam pelos mares bravios, e saem a pés enxutos.
Aos sonhos,
Todo o feitor das nuvens alvas.
A mim.
Esperando o amanhecer de um dia em perfeição.
Horizontes do ser que é o meu.
Fomos.
Não mais.
Éramos, sim.
Um passado, nos meios, dos meios.
Um tudo em um final sem fim.
O eu a andar, um cessar.
A redoma, de vidro cristalino.
Um descanso.
A minha redoma, onde só assim me encontro.

Por: Rafael Gomes

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Era dois de Dezembro

                                                                                            Foto: Mateus Lima


Estavam nos esperando para provar numa folha qualquer de papel se realmente éramos bons, ou se ao menos havíamos aprendido como fingir a ser.


Após uma longa noite de desesperadora ânsia.


A verdade que nos moveria seria libertadora.


Como? Como seria possível estar preso a uma folha de papel?


Sim, por vezes a folha de papel precisa falar mais do que nós mesmos.


E por vezes, a verdade esperada nem sempre é aquela que estava por ser dita.


Pois, o além das verdades, está bem além das palavras.


Embora, foi dia de aprovação!

Foi também dia de brigas, desavenças.

Brigas? desavenças?

Não. Desentendimentos!  Briga é feio...

Foi dia de morrer,
dia de nascer.
foi dia também de perder a identidade. Literalmente!

Parecia que era, como diz-se aqui no nordeste: "Dia de cão".

Mas quem que falou que se perder também não é se encontrar?

Perder, achar, não passa tudo de uma questão de óptica.

No fim, só depois de tudo, foi dia de alegria, de reconciliações.

As coisas boas não fogem a regra de virem sempre no fim das histórias mais bonitas.

Se cada dia nos traz uma nova lição, eis a de outrora:

O fim não tem fim.
O fim não vem depois do fim.
O fim começa sempre após o antigo recomeço, que nunca se espera que finde.
O que vem depois do fim?
O Recomeço.


Fez-se a insegurança,

fez-se o medo,

fizeram-se as intrigas,

fez-se o perdão.



Só então,



Fez-se três de dezembro.


Julio Cesar Cavalcanti e Rafael Gomes Oliveira

Série:  Dicotomia.