segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ao lugar Distante


Eu desejaria profundamente poder voltar até ali.
O sorriso era fácil, não me importava em andar a pés descalços.
A brisa era mais fresca e forte, abria os braços e sentia, parecia que sabia flutuar pelo ar.
De lá tinha-se uma visão da vasta imensidão da vida e dos vivos.
A paisagem era de um verde intrigante, o azul mesclava e enchia os olhos.
As campinas de um verde-vivo pareciam infindáveis.
Passava por elas sem cansar, corria como um desbravador, temendo não mais voltar.
Sentava por sobre o precipício pelo simples fato de sentir a energia.
O vento batia sobre os ombros, me fazendo sentir um pouco de vida.
Era tomado por golpes de felicidade, por longos momentos.
Tudo era intenso e brilhante, resplandecia em minha face.
O que mais desejava era descobrir as palavras para poder retornar, quando quisesse.
Quando as pressões fossem perturbantes, quando esperassem muito mais de mim, muito mais do que eu pudesse oferecer em certos momentos.
Ali, eu vagava, mas vagava cheio de esperança, de sincera esperança.
Em tal sintonia de mundos, não me sentia como uma pintura fria na parede.
O sol revigorava e sentia-me com apenas sete anos de idade.
Sorria e corria livremente, lá eu era criança de novo, pois sentia-me como tal.
Como poderia ser eu um adulto, se ali em mim haviam sentimentos de uma leiga criança?
Me encontrei comigo mesmo, em diferentes estações da vida.
Nada falei, pois se assim tivesse feito, corria o risco de não retornar.
Seria inútil tentar, tinha consciência que a realidade me aguardava.
Estava em minha cama.
Pensei: tive aquele sonho único, que no meu íntimo sempre quis ter.
Que lugar maravilhoso! Será que ele existe fora de mim?
Fecho meus olhos e tento voltar áquele lugar deslumbrante e distante.
Que tolice, devo ter dormido demais.
Disse: Não é possível voltar lá, pois não há nada, não passa de um sonho bobo.
Fui tomar meu chá de todas as manhãs, desiludido, mas esperançoso.
Ao calçar meus chinelos, percebo algo verde-vivo em meus pés.
Parece que alguém havia andado por sobre verdes campinas,em algum lugar distante e verde, algo paralelo entre mundos distintos.

Por: Rafael Gomes

Um comentário:

  1. O que mais desejava era descobrir as palavras para poder retornar, quando quisesse.
    Quando as pressões fossem perturbantes, quando esperassem muito mais de mim, muito mais do que eu pudesse oferecer em certos momentos.
    é isso Rafa, é exatamente isso!

    ResponderExcluir