
Ao longo dos anos, percebemos que a vida realmente é uma grande caixa sem fundo.
Quando nascemos, com toda pureza da infantilidade não compreendemos o jogo da vida, como tudo se articula ao nosso redor.
Não se entende do que são feitos os encontros.
E como não são feitos os encontros, que se tornam verdadeiros desencontros.
Aqui, embaixo do sol, não escolhemos com quem iremos encontrar-nos.
É mistério, segredo de vida, não nos compete.
Encontrar é algo sublime, seria como descobrir o mais belo dos tesouros.
As pessoas sonham em encontrar um amor, um amigo verdadeiro, alguém que as compreenda.
Outros, simplesmente sonham em encontrar-se consigo mesmo.
Desencontrar é algo que se chama, dor da alma.
Eles se encontram e se desencontram na outra esquina do mundo.
Ele a procura incansavelmente todos os dias no café que costumavam frequentar, em vão.
Pois a vida tratou de desencontrar dois corações que se aqueciam.
O desencontro é o que resta depois que estancamos o respirar.
As dedicadas esposas ainda choram no cais, o desencontro que o bravo mar as trouxe, quando naufragou o barco de seus marinheiros.
Os filhos sentem o impacto do desencontro que há nas agendas dos pais ocupados.
Os velhos sentem-se nostálgicos, pois sentem saudades dos encontros que a vida os propiciou em anos dourados.
O amigo chora a falta daquele amigo que decidiu seguir sua própria trilha, o deixando para trás.
O escritor se recusa a sentir, pois o girar dos eixos do desencontro, levou sua ninfa a outros mares desconhecidos.
A natureza chora os sucessivos desencontros que a ação humana a causa.
O sol sorri ao incidir com seus raios o encontro das velhas irmãs, em sua antiga casa de infância.
A mãe sorri ao encontrar sua criança que acaba de nascer.
Na estação do trem de ferro, sorrisos e lágrimas encontram ou desencontram os rostos.
A menina corre de felicidade ao encontrar o seu jardim, o jardim de seus sonhos.
As gaivotas voam felizes ao encontrar a primavera.
Encontrar ou desencontrar?
Encontrar é vida pulsante.
Desecontrar solidão permanente.
Por: Rafael Gomes
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